Vozes da Última Porta
“A morte não é o fim da justiça — é onde ela finalmente se torna inevitável.”
Ordem dedicada a Maal e Mormekar, zelando pela morte, justiça e memória. As Vozes da Última Porta garantem que a passagem entre vida e morte seja tratada com dignidade, que crimes não fiquem impunes e que ninguém manipule os mortos – ou os vivos – de forma injusta.
Informações Rápidas
| Aspecto | Detalhes |
|---|---|
| Fundação | 284 EdL (Era da Luz) — Rutilho (durante a Peste dos Sem-Nome) |
| Líderes Atuais | Alta Corte Funerária (9 membros) + Câmaras Regionais autônomas |
| Tamanho Estimado | 1.200-1.500 membros ativos em Lhodos (3.000+ associados, incluindo coveiros e juízes seculares) |
| Deidades Principais | Maal (Morte, Finalidade) + Mormekar (Justiça, Retribuição) |
| Receita Anual | ~200.000 PO (funerais, testamentos, taxas de julgamento, doações nobres) |
| Sede Principal | Necrópole de Véus Descansados (Rutilho) |
| Poder Único | Declaração de “Morte em Espírito” (anula direitos legais de pessoa viva) |
| Conflito Interno | Ossários Pactuados (pró-mortos-vivos controlados) vs Lâminas da Pira (anti-necromancia absoluta) |
1. Origem e Propósito
A Peste dos Sem-Nome (284 EdL)
Tudo começou quando uma praga desconhecida varreu Rutilho e cidades vizinhas. Cadáveres se empilhavam nas ruas. Famílias disputavam herança à força antes mesmo de enterrar seus mortos. Cemitérios eram profanados em busca de joias funerárias. E, pior ainda: necromantes oportunistas levantavam corpos para usá-los como servos ou experimentos.
Nesse caos, duas tradições se cruzaram:
1. Ordens Funerárias de Maal e Mormekar Clérigos e monges dedicados aos ritos de passagem, já sobrecarregados e desrespeitados.
2. Juízes-Sacerdotes de Mormekar Magistrados que aplicavam a lei divina, mas viam suas sentenças ignoradas quando réus morriam “convenientemente” antes do julgamento.
Em 284 EdL, sete figuras se reuniram na Necrópole de Véus Descansados (então apenas um cemitério em ruínas) e fizeram o Pacto da Última Porta:
“Vida e morte não são domínios separados. São capítulos do mesmo livro. E todo livro precisa de guardião, escriba e juiz.”
Os Sete Fundadores:
- Justiça Silente Maeris (humana, Clériga de Mormekar, 67 anos) — ex-magistrada que viu réus escaparem pela morte
- Coveiro-Mor Hadran Ossos-Limpos (anão, Clérigo de Maal, 112 anos) — administrava o maior ossário de Rutilho
- Carrasco Thoran Pira-Justa (meio-orc, Paladino de Mormekar, 51 anos) — executava sentenças, mas odiava execuções injustas
- Oráculo Velana Véu-Partido (elfa, Clériga de Maal, 189 anos) — médium que consultava espíritos para resolver crimes
- Lorde Graviel Túmulo-Antigo (humano fantasma, Guerreiro 8, morto aos 43 anos em 267 EdL) — nobre assassinado, primeiro espírito a pactuar com a ordem
- Inquisidora Seris Lâmina-Fria (humana, Paladina de Mormekar, 38 anos) — caçava necromantes que usavam cadáveres da peste
- Escriba Jorath Memória-Eterna (gnomo, Clérigo de Maal, 78 anos) — registrava nomes dos mortos para que não fossem esquecidos
Missão Original:
- Garantir ritos corretos para os mortos
- Aplicar justiça mesmo após a morte
- Proteger cemitérios e impedir necromancia abusiva
- Registrar memória dos falecidos (para que crimes e heroísmos não fossem apagados)
Função Social: Servir como ponte entre tribunais, necrópoles e templos da morte/justiça, impondo respeito à Última Porta.
2. Marcos Históricos
284 EdL — Pacto da Última Porta
Sete fundadores unem ordens funerárias e juízes-sacerdotes durante a Peste dos Sem-Nome. Primeira “Declaração de Morte em Espírito” é aplicada contra necromante Vorkath (ainda vivo, mas legalmente “morto”).
319 EdL — Julgamento do Rei Fantasma
Rei Aldric III de Merrane morre em batalha. Seu fantasma retorna e tenta governar. Vozes da Última Porta julgam-no “em violação da ordem natural” e o banish. Isso estabelece precedente: mortos não podem governar vivos.
512 EdL — Cisma dos Ossos Acorrentados
Vertente Ossários Pactuados é oficialmente reconhecida após salvar cidade de Korala usando guardas esqueléticos contra invasão de ghouls. Lâminas da Pira Sagrada se separam em protesto. Alta Corte decide: mortos-vivos são permitidos sob regras estritas.
789 EdL — Massacre da Necrópole Silenciosa
Culto de Canarak profana cemitério e levanta 400 mortos. Vozes da Última Porta respondem com violência inédita, queimando o culto inteiro (vivo). Cronistas do Véu recusam-se a registrar nomes dos cultistas — primeira vez que a ordem “apaga” alguém da história.
1.203 EdL — Tratado dos Três Livros
Alta Corte estabelece três registros separados:
- Livro Branco: nomes de heróis e santos (lembrados com honra)
- Livro Cinza: cidadãos comuns (registrados neutralmente)
- Livro Negro: criminosos e hereges (lembrados como advertência)
Colocar alguém no Livro Negro torna-se punição social devastadora.
1.398 EdL — Caso do Lorde Imortal
Nobre de Rutilho, Lorde Varis Nocturno, revela ter 300 anos de vida via necromancia. Vozes em Julgamento o julgam e condenam à “Morte Verdadeira” (execução ritual). Ele foge, mas é declarado “morto em espírito”. Atualmente procurado.
3. Estrutura e Organização
3.1. Alta Corte Funerária (Sede: Necrópole de Véus Descansados, Rutilho)
Conselho de 9 membros que decide diretrizes da ordem.
Membros Atuais (1.400 EdL):
-
Juíza-Suprema Kaelith Véu-de-Cinzas (humana, 72 anos, Clériga de Mormekar 18)
- Líder nominal da Alta Corte
- Ex-magistrada secular que condenou próprio filho por assassinato (filho foi executado, ela nunca se perdoou)
- Voz da moderação entre Ossários e Lâminas
-
Mestre de Necrópole Hadros Ossos-Antigos (anão, 287 anos, Clérigo de Maal 14)
- Bisneto do fundador Hadran Ossos-Limpos
- Administra maior ossário de Lhodos (120.000 corpos catalogados)
- Líder da vertente Ossários Pactuados
-
Comandante Seris Pira-Ardente (meio-orc, 61 anos, Paladina de Mormekar 16)
- Bisneta da fundadora Inquisidora Seris Lâmina-Fria
- Líder da vertente Lâminas da Pira Sagrada
- Caçou 47 necromantes, queimou 12 ossários “corruptos”
-
Cronista-Mor Eldrin Memória-Perfeita (gnomo, 134 anos, Clérigo de Maal 12 / Wizard 5)
- Líder da vertente Cronistas do Véu
- Guardião do Livro Negro (registra todos os nomes apagados da história)
- Memória eidética, nunca esquece um nome
-
Juiz Thalric Balança-Sombria (humano, 58 anos, Paladino de Mormekar 14 / Rogue 3)
- Líder da vertente Vozes em Julgamento
- Ex-assassino que se converteu após ser condenado à morte e perdoado por vítima
- Especialista em julgamentos de casos “impossíveis”
-
Espectro-Conselheiro Lorde Graviel Túmulo-Antigo (fantasma, morto há 1.133 anos, Guerreiro 8)
- Único fundador ainda “ativo” (como fantasma)
- Voto consultivo, não deliberativo
- Às vezes desaparece por décadas, retorna quando ordem está em crise
-
Sacerdotisa Mirael Luto-Sereno (halfling, 89 anos, Clériga de Maal 15)
- Especialista em ritos de passagem para crianças e inocentes
- Advoga por misericórdia em sentenças de morte
-
Inquisidor Kaldris Olho-de-Ferro (humano, 44 anos, Paladino de Mormekar 13 / Warlock 4)
- Caça necromantes e profanadores
- Fez pacto com ancestral de sua linhagem para ganhar poderes investigativos
- Desconfia de Ossários Pactuados (vota com Lâminas da Pira 70% do tempo)
-
Coveira-Mestra Sabel Terra-Negra (humana, 51 anos, Ranger 11 / Clérigo de Maal 6)
- Administra cemitérios rurais e valas comuns de guerras
- Voz dos “mortos sem nome” (pessoas sem família ou registro)
3.2. Câmaras Locais
Em cidades e regiões maiores, existem Câmaras da Última Porta:
- Presídios sagrados para condenados à morte
- Salões onde testamentos são lidos sob juramento divino
- Pequenas salas de consulta a oráculos ancestrais
- Arquivos de registros de morte (Cronistas do Véu mantêm cópias)
Câmaras Principais:
- Câmara de Rutilho (sede, 340 membros)
- Câmara de Korala (180 membros, foco anti-necromancia)
- Câmara de Merrane (150 membros, especialistas em testamentos nobres)
- Câmara de Apios (90 membros, foco em cemitérios militares)
3.3. Guardiões de Necrópole
Responsáveis por um ou mais cemitérios, criptas ou ossários.
- Coordenam coveiros, vigias e quaisquer mortos-vivos pactuados
- Têm autoridade para convocar adventureiros se necrópole for profanada
- Alguns são clérigos, outros são guerreiros, rangers ou até rogues
4. Membros Típicos
- Coveiros e embalsamadores que conhecem ritos e práticas de preservação
- Juízes e magistrados, treinados em lei secular e sagrada
- Inquisidores, enviados para investigar violações graves da ordem natural da morte
- Guardiões de necrópole, combatentes ou místicos que defendem cemitérios
- Alguns fantasmas pactuados, espíritos que aceitaram servir à ordem após a morte
- Carrascos rituais, que aplicam sentenças de morte com respeito e dignidade
- Escribas de testamentos, que registram últimas vontades e heranças
Em jogo, a ordem é lar natural para clérigos de morte/ordem/justiça, paladinos inquisidores, warlocks ligados a ancestrais, rogues investigadores, bárbaros ex-carrascos, undeads conscientes buscando redenção, etc.
5. Atuação e Recursos
5.1. Esferas de Atuação
Administração de cemitérios e necrópoles:
- Organização de sepulturas, criptas e ossários
- Catalogação de mortos (nome, data, causa da morte, local do túmulo)
- Proteção contra profanadores e necromantes
Ritos de passagem:
- Funerais, velórios, cremações
- Execuções solenes (ordem supervisiona para garantir justiça)
- Cerimônias de perdão ou condenação final
Oráculos dos ancestrais:
- Consultas controladas a espíritos para elucidar crimes
- Testemunho de fantasmas em julgamentos (aceito como evidência legal)
- Disputas de herança resolvidas consultando o falecido
Justiça pós-morte:
- Julgamentos de crimes descobertos após morte do réu
- Exumações legais para investigação
- Declarações de “Morte em Espírito” (punição que anula direitos de pessoa viva)
5.2. Fontes de Renda
- Pagamentos por funerais, enterros e manutenção de túmulos
- Funerais nobres: 100-5.000 PO
- Funerais comuns: 10-50 PO
- Cremações de emergência: 5-20 PO
- Taxas de testamentos, inventários e julgamentos solenes
- Leitura de testamento: 50-500 PO
- Consulta a espírito falecido: 200-2.000 PO
- Doações de famílias nobres e templos que valorizam o serviço prestado
- Multas aplicadas a profanadores e necromantes capturados
5.3. Instrumentos de Poder
Declaração de “Morte em Espírito”
- Poder mais temido da ordem
- Declara que pessoa viva está “legalmente morta”
- Consequências:
- Perde direitos de herança, propriedade, títulos nobres
- Casamento é anulado
- Testamento é executado imediatamente
- Pode ser “enterrado vivo” simbolicamente
- Usado contra necromantes, profanadores graves, assassinos de crianças
- Reversível apenas por voto unânime da Alta Corte (quase impossível)
Autoridade Moral
- Podem validar ou contestar execuções, sentenças e desaparecimentos suspeitos
- Se Vozes recusam-se a realizar funeral, família perde prestígio social
- Podem declarar execução “injusta” — criando crise política
Acesso a Espíritos
- Testemunho de fantasmas é aceito em tribunais seculares (desde que Vozes validem)
- Podem convocar espíritos de vítimas para identificar assassinos
- Controlam quais espíritos podem permanecer no mundo (emitem “licenças de assombração”)
6. Dogma e Princípios
As Vozes da Última Porta seguem um código rígido:
- Toda vida termina. Negar isso é negar Maal e Mormekar.
- Toda morte importa. Nenhum cadáver é lixo, nenhuma alma é mera moeda.
- Justiça não termina no túmulo. Crimes sem punição ecoam na outra vida.
- Memória é parte da sentença. Lembrar ou esquecer alguém é também julgá-lo.
- O morto não governa o vivo. Fantasmas podem aconselhar, mas não comandar.
- Consentimento sobrevive à morte. Usar corpo ou espírito sem permissão é profanação.
Práticas Rituais:
- Funerais incluem “Confissão Final” (morto tem chance de admitir crimes)
- Execuções são precedidas por “Juramento de Verdade” (condenado pode revelar segredos)
- Túmulos recebem “Selo de Descanso” (marca divina que dificulta necromancia)
7. Objetivos e Influência
Objetivo Central: Garantir que nenhuma alma se perca ou seja manipulada de forma injusta.
Influência Prática:
- Legitimação de Poder: Reis e nobres buscam aprovação da ordem para execuções de traidores (se Vozes recusam, execução parece tirânica)
- Controle de Heranças: Testamentos lidos sob juramento divino são incontestáveis
- Arma Política: Declaração de “Morte em Espírito” pode destruir famílias nobres
- Barreira Anti-Necromancia: Ordem patrulha cemitérios, tornando difícil levantar mortos em larga escala
Tensões:
- Com Reinos: Vozes às vezes recusam-se a executar sentenças que consideram injustas — gerando crises políticas
- Com Famílias Nobres: Ordem pode revelar segredos de testamentos (filhos ilegítimos, dívidas ocultas, assassinatos)
- Com Necromantes: Guerra eterna, mas alguns necromantes “éticos” buscam aliança com Ossários Pactuados
8. Vertentes Internas das Vozes da Última Porta
A ordem é dividida principalmente pela postura em relação aos mortos-vivos e à intervenção no mundo dos vivos.
8.1. Ossários Pactuados
Enfoque: uso controlado de mortos-vivos sob regras rígidas.
Líder: Mestre de Necrópole Hadros Ossos-Antigos (ver Alta Corte)
Visão: Corpos e espíritos podem servir à justiça mesmo depois da morte, desde que haja consentimento ou compensação adequada.
Prática:
- Mantêm guardas esqueléticos e espíritos vigias em necrópoles
- Pactuam com fantasmas para obter testemunhos e vigilância
- Usam mortos-vivos apenas em locais consagrados ou em missões de grande importância
- Exigem Juramento Pós-Morte: morto deve ter concordado em vida, OU família deve consentir, OU serviço é punição por crime
Bases:
- Ossário das Almas Vigias (Rutilho) — 200 guardas esqueléticos patrulham cemitérios
- Cripta dos Conselheiros Eternos (Korala) — 50 fantasmas que aconselham juízes
- Necrópole dos Pactuados (Merrane) — cemitério onde todos enterrados consentiram em “servir após morte”
Membros Notáveis:
- Hadros Ossos-Antigos (líder, ver Alta Corte)
- Necromante Velana Ossos-Vivos (humana, 52 anos, Wizard 14, especialista em levantar mortos “éticos”)
- Espectro-Capitão Tharn Guarda-Eterna (fantasma, morto há 400 anos, comanda guardas esqueléticos)
8.2. Lâminas da Pira Sagrada
Enfoque: repressão total a qualquer manipulação de cadáveres e espíritos.
Líder: Comandante Seris Pira-Ardente (ver Alta Corte)
Visão: Qualquer morto-vivo é um insulto direto à ordem natural da morte. Necromancia, mesmo “ética”, é heresia.
Prática:
- Caçam necromantes, cultos que mexem com corpos e espíritos inquietos
- Exigem cremação em massa de corpos suspeitos para evitar levantes de mortos
- Entram em conflito com Ossários Pactuados e com reinos que toleram necromancia “útil”
- Usam magia de fogo e radiante para “purificar” áreas contaminadas por necromancia
Bases:
- Fortaleza da Pira Eterna (Korala) — centro de treinamento anti-necromancia
- Templo das Cinzas Sagradas (Rutilho) — crematório que funciona 24 horas por dia
Membros Notáveis:
- Comandante Seris Pira-Ardente (líder, ver Alta Corte)
- Inquisidor Kael Chama-Negra (humano, 39 anos, Paladino 12, queimou 15 necromantes vivos)
- Sacerdotisa Lyra Cinza-Pura (elfa, 112 anos, Clériga de Maal 13, advoga por cremação universal)
Conflito com Ossários: Lâminas consideram Ossários “hereges que maculam Maal”. Ossários consideram Lâminas “fanáticos que desperdiçam almas úteis”. Alta Corte mantém paz tênue, mas confrontos violentos já ocorreram.
8.3. Cronistas do Véu
Enfoque: registro e memória dos mortos.
Líder: Cronista-Mor Eldrin Memória-Perfeita (ver Alta Corte)
Função: Garantir que nomes, feitos e crimes não sejam apagados.
Prática:
- Mantêm Três Livros:
- Livro Branco (heróis e santos)
- Livro Cinza (cidadãos comuns)
- Livro Negro (criminosos e hereges)
- Gravam epitáfios significativos e, às vezes, crípticos
- Investigam tentativas de falsificar registros de morte
- Decidem quem é “lembrado” e quem é “esquecido” (poder imenso)
Bases:
- Biblioteca dos Nomes Eternos (Rutilho) — maior arquivo de registros de morte em Lhodos
- Câmara dos Epitáfios (Merrane) — museu de lápides históricas
Membros Notáveis:
- Cronista-Mor Eldrin Memória-Perfeita (líder, ver Alta Corte)
- Escriba Mirael Tinta-Eterna (gnoma, 98 anos, Clérigo de Maal 10 / Wizard 4, nunca esquece um nome)
- Arquivista Thalric Véu-Cinza (meio-elfo, 67 anos, Rogue 8 / Cleric 5, caça falsificadores de atestados de óbito)
Poder Sombrio: Cronistas podem “apagar” alguém da história — removendo registros, epitáfios, menções. Pessoa literalmente deixa de ter “existido” nos livros oficiais. Usado apenas em casos extremos (traição apocalíptica, necromancia genocida).
8.4. Vozes em Julgamento
Enfoque: ligação direta entre justiça e morte.
Líder: Juiz Thalric Balança-Sombria (ver Alta Corte)
Visão: Veem o tribunal como uma antecâmara da Última Porta. Julgar é tão sagrado quanto enterrar.
Prática:
- Atuam como juízes e inquisidores em casos graves (regicídios, massacres, heresias destrutivas)
- Acompanham execuções para garantir que sejam justas e ritualizadas
- Às vezes recusam-se a executar sentenças que considerem injustas, gerando crises políticas
- Aplicam “Declaração de Morte em Espírito” (punição máxima)
Bases:
- Tribunal da Última Palavra (Rutilho) — onde sentenças capitais são revisadas
- Prisão das Almas Pendentes (Korala) — onde condenados aguardam execução sob vigília divina
Membros Notáveis:
- Juiz Thalric Balança-Sombria (líder, ver Alta Corte)
- Justiça Kaelis Véu-de-Sangue (humana, 48 anos, Paladina 14, executou próprio marido por traição)
- Inquisidor Dorian Olho-Justo (meio-elfo, 73 anos, Cleric 12 / Rogue 5, especialista em interrogatórios pós-morte)
Poder Temido: Vozes em Julgamento podem convocar espírito de vítima para testemunhar contra assassino. Testemunho é aceito em tribunais seculares. Impossível mentir diante de morto que te acusa.
9. Personagens Notáveis (NPCs Completos)
9.1. Juíza-Suprema Kaelith Véu-de-Cinzas
Raça/Classe: Humana, Clériga de Mormekar 18 Idade: 72 anos Alinhamento: Lawful Neutral Localização: Necrópole de Véus Descansados, Rutilho
Aparência: Mulher alta, cabelos brancos presos em coque austero. Veste toga negra com bordados em prata (símbolos de Mormekar). Carrega martelo cerimonial (nunca usado em combate, apenas para “selar” sentenças).
História: Kaelith foi magistrada secular por 30 anos antes de se juntar às Vozes. Aos 51 anos, julgou próprio filho (Kael Véu-de-Cinzas) por assassinar esposa em crise de ciúmes. Aplicou sentença de morte. Filho foi executado. Kaelith nunca se perdoou, mas nunca arrependeu-se — “justiça é justiça, mesmo quando corta nossa carne”.
Entrou para Vozes da Última Porta como penitência. Subiu rapidamente por competência. Tornou-se Juíza-Suprema em 1.392 EdL.
Personalidade:
- Fria, pragmática, incapaz de mentir
- Respeita lei acima de emoções
- Voz da moderação entre Ossários e Lâminas
- Não tolera misericórdia imerecida, nem crueldade gratuita
- Dorme 3 horas por noite, acorda gritando (pesadelos com filho)
Objetivos:
- Manter paz entre vertentes internas (Ossários vs Lâminas à beira de cisma)
- Preparar ordem para “Grande Alinhamento” (1.407 EdL) — prevê que morte se tornará “flexível” temporariamente
- Encontrar sucessor digno (não confia em ninguém, mas está envelhecendo)
Estatísticas Parciais:
- HP: 142
- AC: 18 (vestes abençoadas +2, escudo da fé)
- Magias Notáveis: Zone of Truth (usa em todos julgamentos), Speak with Dead, Raise Dead (recusa-se a usar exceto em casos extremos), Blade Barrier, Divine Word
- Equipamento: Martelo Cerimonial de Mormekar (Warhammer +2, 1/dia Geas no alvo ao acertá-lo), Tomo da Lei Sagrada (grimório com todas sentenças históricas)
Gancho: Kaelith contrata PCs para investigar rumor: seu filho (executado há 21 anos) foi visto vivo em taverna de Korala. Ela precisa saber se é necromancia, ilusão ou… perdão divino que ela não merece.
9.2. Mestre de Necrópole Hadros Ossos-Antigos
Raça/Classe: Anão da Montanha, Clérigo de Maal 14 Idade: 287 anos Alinhamento: Lawful Good Localização: Ossário das Almas Vigias, Rutilho
Aparência: Anão robusto, barba branca até o chão, olhos cor de cinza. Veste túnica marrom com símbolos de Maal bordados em fios ósseos. Cheira a terra e incenso.
História: Bisneto do fundador Hadran Ossos-Limpos. Cresceu no Ossário (literalmente — nasceu em cripta, brincava com esqueletos). Para ele, mortos são família.
Aos 120 anos, tornou-se Guardião de Necrópole. Aos 200, Mestre. Administra maior ossário de Lhodos: 120.000 corpos catalogados, cada um com nome, data, causa da morte e epitáfio.
Personalidade:
- Gentil, paciente, trata mortos-vivos como pessoas
- Fala com esqueletos como se conversassem de volta (às vezes conversam)
- Odeia Lâminas da Pira (“queimam almas úteis por medo”)
- Considera necromancia “ferramenta neutra” (problema é intenção, não técnica)
Objetivos:
- Convencer Alta Corte a expandir uso de mortos-vivos (defesa de cidades, trabalho em minas, etc.)
- Catalogar TODOS os mortos de Lhodos (projeto impossível, mas tenta)
- Impedir cisma entre Ossários e Lâminas
Estatísticas Parciais:
- HP: 98
- AC: 16 (armadura +1, bênçãos)
- Magias Notáveis: Animate Dead (pode controlar até 50 esqueletos simultaneamente), Gentle Repose, Speak with Dead (à vontade), Create Undead, Resurrection (relutante)
- Equipamento: Cajado Ossário (quarterstaff +1, 3/dia Command Undead), Livro dos 120.000 (registro completo do ossário, magicamente atualizado)
Habilidade Especial: Voz dos Ossos: Hadros pode “ouvir” sussurros de qualquer esqueleto a 100 pés. Mortos contam segredos, avisam sobre perigos, revelam assassinos.
Gancho: Hadros contrata PCs para escoltar esqueleto de herói morto há 300 anos até local de batalha final (onde ele pediu para ser enterrado). Problema: local agora é reino hostil que proíbe mortos-vivos.
9.3. Comandante Seris Pira-Ardente
Raça/Classe: Meio-Orc, Paladina de Mormekar 16 Idade: 61 anos Alinhamento: Lawful Good (tendendo a Lawful Neutral) Localização: Fortaleza da Pira Eterna, Korala
Aparência: Meio-orc alta, cicatrizes de queimaduras cobrindo metade do rosto (auto-infligidas em ritual de purificação). Cabelos negros curtos, olhos dourados. Armadura de placas decorada com chamas gravadas.
História: Bisneta da fundadora Inquisidora Seris Lâmina-Fria. Família inteira devotada a Mormekar.
Aos 19 anos, vila natal foi atacada por necromante. Família inteira morta e levantada como zumbis. Seris matou próprios pais-zumbis. Desde então, ódio absoluto por necromancia.
Caçou 47 necromantes. Queimou 12 ossários que considerou “corruptos” (incluindo 3 administrados por Ossários Pactuados — quase causou guerra civil na ordem).
Personalidade:
- Fanática, incapaz de compromisso em relação a mortos-vivos
- Vê Ossários Pactuados como “hereges que maculam Maal”
- Honesta até a dor, nunca mente
- Compassiva com vivos, implacável com mortos (ou quem os usa)
- Acredita que “morte deve ser final — sem exceções”
Objetivos:
- Banir mortos-vivos de Lhodos (incluindo os controlados por Ossários)
- Convencer Alta Corte a declarar necromancia “heresia absoluta”
- Queimar Ossário das Almas Vigias (se necessário, por força)
Estatísticas Parciais:
- HP: 156
- AC: 20 (full plate +1, escudo)
- Magias Notáveis: Searing Smite, Zone of Truth, Dispel Magic, Destructive Wave (dano radiante), Flame Strike
- Equipamento: Espada Longa da Pira Eterna (longsword +2, +2d6 dano radiante contra mortos-vivos, acende em chamas sagradas), Escudo Espelhado de Mormekar (reflete necromancia de volta ao conjurador)
Habilidade Especial: Chama Purificadora: 1/dia, Seris pode canalizar Mormekar para criar explosão de fogo sagrado (30 pés de raio, 10d6 radiante + 10d6 fogo, salva CON CD 18). Mortos-vivos têm desvantagem na salva.
Gancho: Seris descobre que PCs usaram Revivify ou Raise Dead. Convoca-os para julgamento — “ressurreição é necromancia aceitável?” Veredito pode torná-los aliados ou inimigos mortais.
9.4. Cronista-Mor Eldrin Memória-Perfeita
Raça/Classe: Gnomo das Rochas, Clérigo de Maal 12 / Wizard 5 Idade: 134 anos Alinhamento: True Neutral Localização: Biblioteca dos Nomes Eternos, Rutilho
Aparência: Gnomo baixo, óculos redondos, barba branca dividida em tranças. Veste túnica cinza coberta de manchas de tinta. Carrega sempre caderno de couro negro (registro pessoal).
História: Nasceu com memória eidética — nunca esquece nada. Nome, rosto, data, número — tudo fica gravado para sempre.
Aos 40 anos, presenciou massacre (bandidos mataram 73 pessoas em vila). Todos esqueceram nomes das vítimas. Eldrin não. Passou 10 anos viajando, entrevistando famílias, registrando cada nome.
Aos 50, juntou-se às Vozes. Tornou-se Cronista-Mor aos 112. Desde então, registrou mais de 400.000 nomes em Três Livros.
Personalidade:
- Obsessivo, perfeccionista
- Trata nomes como sagrados (“nome é a última coisa que pessoa possui”)
- Neutro absoluto — registra heróis e vilões com mesma reverência
- Assustadoramente calmo (já viu tanta morte que nada o abala)
- Fala devagar, escolhe palavras com cuidado
Objetivos:
- Registrar TODOS os nomes de TODOS os mortos (impossível, mas tenta)
- Proteger Três Livros (se queimarem, milhões de mortos são “esquecidos”)
- Decidir quem merece ser apagado da história (poder que o aterroriza)
Estatísticas Parciais:
- HP: 87
- AC: 14 (vestes mágicas, Mage Armor)
- Magias Notáveis: Legend Lore, Scrying, Speak with Dead, Contact Other Plane, Modify Memory (usa para apagar nomes da mente de outros — ódio isso), True Seeing
- Equipamento: Pena da Memória Eterna (escreve sozinha, nunca erra, tinta nunca apaga), Três Livros (artefatos mágicos, indestruíveis)
Habilidade Especial: Memória Perfeita: Eldrin pode ler qualquer texto uma vez e recitá-lo perfeitamente. Nunca esquece rosto, nome ou conversa. Pode usar INT ao invés de WIS para Insight/Perception quando lembra de padrão relevante.
Gancho: Eldrin descobre que alguém está falsificando atestados de óbito — pessoas “oficialmente mortas” estão vivas e vice-versa. Contrata PCs para investigar. Descoberta chocante: ele próprio está no Livro Cinza… com data de morte há 20 anos. Quem está falsificando? Por quê?
10. Relações com Outras Facções
Guardiões da Serra Silenciosa
Natureza: Respeito mútuo, cooperação esporádica Pontos de Contato:
- Ambas zelam por ciclo vida-morte (Vozes no aspecto urbano/legal, Guardiões no aspecto natural/selvagem)
- Trocam registros: Vozes documentam mortos em cidades, Guardiões documentam mortos em florestas
- Conflito potencial: Guardiões toleram predação natural (lobos comem cadáveres), Vozes exigem enterro digno
NPCs-Ponte:
- Druida Kaelan Raiz-Profunda (meio-elfo, membro dos Guardiões, amigo de infância de Eldrin Memória-Perfeita)
- Ranger Mirael Terra-Verde (humana, patrulha fronteira entre cemitérios e florestas)
Eventos Conjuntos:
- 1.389 EdL: Guardiões ajudaram Vozes a recuperar corpos de batalha em floresta (pântano estava “digerindo” cadáveres)
- 1.397 EdL: Conflito sobre “cemitério natural” (Guardiões queriam deixar corpos alimentarem floresta, Vozes exigiam sepultura formal) — resolvido com criação de “Bosque dos Ancestrais” (meio-termo)
Conclave da Torre da Luz
Natureza: Cooperação formal em heresia/necromancia Pontos de Contato:
- Conclave combate heresias teológicas, Vozes combatem heresias necromânticas (fronteiras borradas)
- Vozes pedem apoio militar do Conclave quando enfrentam cultos poderosos
- Conclave pede perícia das Vozes em julgamentos de “crimes contra ordem divina”
NPCs-Ponte:
- Inquisidor Thalric Luz-e-Cinza (humano, membro de ambas facções — Conclave durante dia, Vozes à noite)
- Juiz Kaelith Véu-de-Cinzas (Vozes) já trabalhou com Paladino Erastos Escudo-Flamejante (Conclave) em 7 casos de heresia
Conflito Potencial:
- Conclave tolera ressurreição como “milagre divino” (Raise Dead, Resurrection)
- Lâminas da Pira Sagrada (vertente das Vozes) considera ressurreição “necromancia santificada” — pecado igual
Ordo Nyxarae
Natureza: Hostilidade velada, guerra fria Pontos de Contato:
- Ordo mexe com forças que “turvam destino das almas” (magia estelar, pactos com Antigos)
- Vozes acusam Ordo de “sequestrar espíritos” para experimentos
- Ordo acusa Vozes de “limitar conhecimento sobre pós-vida”
NPCs-Ponte (Espiões):
- Necromante Velana Ossos-Vivos (Vozes, Ossários Pactuados) é informante secreta da Ordo — passa informações sobre defesas de necrópoles
- Professor Dorian Umbralis (Ordo Nyxarae, também membro de Ordem dos Tocados) já se infiltrou em funeral das Vozes para roubar grimório de fantasma
Eventos Hostis:
- 1.394 EdL: Ordo tentou levantar fantasma de arquimago morto para extrair conhecimento estelar. Vozes atacaram ritual, matando 3 membros da Ordo
- 1.399 EdL: Vozes invadiram Conventículo das Estrelas Afogadas (Ordo) em busca de espíritos “sequestrados”. Encontraram laboratório com 50 almas em cristais. Ordo alega que almas “consentiram”. Vozes não acreditam.
Lareiras de Anwyn
Natureza: Colaboração em cuidados com moribundos, conflitos sobre sentenças Pontos de Contato:
- Lareiras cuidam de doentes e moribundos, Vozes realizam ritos de passagem
- Colaboração em hospícios e hospitais
- Conflito: Lareiras advogam por misericórdia (perdão, comutação de penas), Vozes seguem lei (execução se código exige)
NPCs-Ponte:
- Sacerdotisa Mirael Luto-Sereno (Vozes, Alta Corte) é ex-membro das Lareiras — deixou ordem por discordar de “misericórdia excessiva”
- Curandeiro Thalric Mão-Gentil (Lareiras) administra hospício em parceria com Vozes (Lareiras cuidam de vivos, Vozes preparam ritos)
Eventos Conjuntos:
- 1.395 EdL: Lareiras pediram às Vozes para comutar sentença de morte de mulher condenada por infanticídio (mulher estava insana). Vozes recusaram. Lareiras realizaram resgate armado. Mulher executada mesmo assim. Relações tensas desde então.
Círculo da Lua Velada
Natureza: Troca de informações, desconfiança mútua Pontos de Contato:
- Círculo possui informações sobre mortes suspeitas (assassinatos políticos, desaparecimentos)
- Vozes pedem ajuda do Círculo para investigar crimes
- Círculo vende informações sobre “quem matou quem” para Vozes
- Desconfiança: Círculo às vezes oculta mortes (se cliente pagar bem), Vozes odeiam isso
NPCs-Ponte:
- Arquivista Thalric Véu-Cinza (Vozes, Cronistas do Véu) já foi espião do Círculo — traiu ordem, mas mantém contatos
- Informante Kael Sussurro-Sombrio (Círculo) vende listas de “mortos não-oficiais” para Cronistas
Evento Tenso:
- 1.398 EdL: Vozes descobriram que Círculo estava vendendo atestados de óbito falsos (pessoas vivas declaradas mortas para escapar de dívidas). Vozes exigiram fim do negócio. Círculo recusou. Desde então, guerra de informações.
Ordem dos Tocados
Natureza: Consultoria profética sobre morte Pontos de Contato:
- Ordem dos Tocados possui “Tocados de Maal” — pessoas marcadas para morrer em data específica
- Vozes consultam Ordem sobre “profecias de morte” (quando alguém DEVE morrer)
- Conflito filosófico: Vozes acreditam que morte é inevitável, Ordem acredita que morte é escolha
NPCs-Ponte:
- Velho Corvin Olho-Profundo (Ordem dos Tocados, Conselho dos Ecos) profetizou própria morte há 1.340 anos — ainda não morreu. Vozes consideram-no “aberração divina”
- Juiz Thalric Balança-Sombria (Vozes) consulta Ordem quando julga casos “impossíveis” (destino vs livre-arbítrio)
Evento Complexo:
- 1.407 EdL (futuro): Grande Alinhamento tornará morte “temporariamente reversível” (mortos poderão retornar espontaneamente por 7 dias). Vozes estão APAVORADAS — como manter ordem se morte não for final? Ordem dos Tocados sugere: “Aceitem o caos. Testem fé de vocês.”
11. Ganchos Prontos (Setup → Twist → Stakes)
11.1. O Testamento Impossível
Setup: Nobre recém-falecido (Lorde Varis Noturno) deixou testamento selado nas Vozes da Última Porta. Testamento diz: “Minha herança vai para quem me matar.” Problema: Lorde morreu de velhice, não foi assassinado.
Vozes contratam PCs para investigar: testamento é válido? Quem herdará? Por que Lorde escreveu isso?
Twist: Lorde foi assassinado — envenenamento lento (veneno levou 20 anos para matá-lo). Assassino é sobrinho, mas veneno foi aplicado quando sobrinho tinha 5 anos (sob controle mental de tio). Sobrinho é culpado? Inocente? Merece herança?
Stakes:
- Se sobrinho confessar, será executado (mas herdará brevemente antes de morrer — dinheiro vai para filhos)
- Se sobrinho negar, Vozes podem usar Speak with Dead no Lorde (mas Lorde QUER que sobrinho herde)
- Se PCs mentirem, Vozes descobrirão — e declararão PCs “mortos em espírito”
Uso na Mesa: Dilema moral puro. Nenhuma solução correta. Vozes forçam PCs a escolher entre lei (sobrinho é culpado) e misericórdia (sobrinho era criança controlada).
11.2. A Necrópole Que Canta
Setup: Cemitério rural (Necrópole dos Sussurros) começou a “cantar” à noite — melodia triste, vozes de crianças. Aldeões apavorados. Guardiões de Necrópole pedem ajuda.
Twist: Cântico vem de 40 espíritos de crianças mortas há 200 anos em incêndio (orfanato). Espíritos não são hostis — apenas cantam música de ninar que aprenderam antes de morrer. NUNCA receberam funeral adequado (corpos queimados, enterrados em vala comum, nomes esquecidos).
Mas há segundo twist: um dos espíritos (Menina Sem-Nome) foi assassinada ANTES do incêndio. Incêndio foi acobertamento. Assassino é ancestral de família nobre atual.
Stakes:
- Se PCs realizarem funeral adequado, espíritos descansarão (cântico para)
- Se PCs revelarem assassinato, família nobre cairá em desgraça (mas justiça será feita)
- Se PCs ocultarem assassinato, Menina Sem-Nome se tornará fantasma vingativo
Uso na Mesa: Horror melancólico + mistério. Cronistas do Véu podem ajudar PCs a descobrir nomes das crianças (necessário para funeral). Escolha final: justiça (expor assassinato) ou paz (deixar passado morto).
11.3. O Fantasma Preso no Corpo
Setup: Nobre (Lady Seris Véu-Partido) morreu há 3 dias. Corpo foi preparado para funeral. Mas durante velório, corpo PISCA. Vozes investigam: espírito de Seris está preso dentro do cadáver — não consegue sair.
Necromante? Maldição? Vozes contratam PCs para descobrir.
Twist: Seris está presa porque foi assassinada no exato momento de Eclipse Lunar (alinhamento raro). Eclipse “selou” alma no corpo. Para liberá-la, PCs precisam realizar ritual no PRÓXIMO Eclipse Lunar… que acontece em 6 meses.
Mas há problema: corpo está apodrecendo. Em 6 meses, será esqueleto. Seris viverá 6 meses consciente enquanto carne apodrece. E ela pode SENTIR tudo.
Stakes:
- Se PCs esperarem 6 meses, Seris sofrerá além do imaginável (mas será libertada corretamente)
- Se PCs usarem necromancia para preservar corpo (Gentle Repose), Lâminas da Pira Sagrada os perseguirão
- Se PCs destruírem corpo, Seris pode ficar presa eternamente como fantasma
Uso na Mesa: Horror corporal + dilema ético. Ossários Pactuados sugerem necromancia (usar Animate Dead para dar controle a Seris sobre próprio cadáver). Lâminas da Pira exigem cremação imediata. Que escolha é pior?
11.4. A Execução Recusada
Setup: Criminoso (Kael Corvonegro) foi condenado à morte por assassinar família de 5 pessoas. Rei ordena execução. Mas Vozes em Julgamento RECUSAM — alegam que julgamento foi injusto (Kael foi torturado, confissão forçada).
Rei furioso exige que Vozes cumpram sentença. Vozes recusam. Rei ameaça dissolver ordem.
PCs são convocados (por Rei OU Vozes) para resolver crise.
Twist: Kael é CULPADO — matou família. Mas foi sob controle mental de feiticeira (que ele amava). Feiticeira foi morta em batalha (PCs podem ter matado ela em aventura anterior). Kael recuperou consciência, mas memórias do massacre o destroem.
Kael QUER morrer (penitência). Mas Vozes recusam porque “execução deve ser justiça, não misericórdia”.
Stakes:
- Se PCs convencerem Vozes a executar Kael, estabelecem precedente perigoso (execuções mesmo sem culpa plena)
- Se PCs libertarem Kael, Rei declara Vozes “traidoras” — ordem pode ser banida
- Se PCs matarem Kael em “acidente”, satisfazem todos — mas vivem com mentira
Uso na Mesa: Crise política + dilema moral. Nenhuma solução limpa. Juiz Thalric Balança-Sombria (Vozes) é ex-assassino perdoado — vê reflexo de si mesmo em Kael.
11.5. O Lorde Imortal
Setup: Lorde Varis Nocturno (mencionado em Marcos Históricos) foi condenado à “Morte Verdadeira” em 1.398 EdL por ter 300 anos via necromancia. Fugiu. Foi declarado “morto em espírito”.
Agora (1.400 EdL), alguém matching descrição dele foi visto em taverna de cidade distante. Vozes contratam PCs para caçá-lo.
Twist: Lorde NÃO é imortal por necromancia — é imortal porque FEZ PACTO COM MAAL. Maal concedeu imortalidade como “teste” — Lorde deve viver até aprender que “vida eterna é prisão, não presente”.
Maal QUER que Lorde continue vivo. Mas Vozes, devotas de Maal, condenaram Lorde à morte. Contradição divina.
Stakes:
- Se PCs matarem Lorde, desobedecem Maal (mas obedecem Vozes)
- Se PCs pouparem Lorde, traem contratantes (mas obedecem Maal)
- Se PCs consultarem Maal, deus responde: “Decidam vocês. Livre-arbítrio é meu presente final.”
Uso na Mesa: Caça ao homem + questão teológica. Lorde é simpático, cansado, QUER morrer. Mas Maal não permite. PCs podem tentar quebrar pacto (requer missão secundária perigosa). Ou aceitar que alguns imortais não podem morrer.
11.6. A Declaração de Morte em Espírito
Setup: PCs salvaram reino, mataram dragão, são heróis. Mas durante aventura, usaram Revivify em aliado. Lâminas da Pira Sagrada (vertente das Vozes) declara que ressurreição é “necromancia proibida”.
Comandante Seris Pira-Ardente convoca PCs para julgamento. Sentença possível: “Morte em Espírito” (perda de todos direitos legais, propriedades, títulos).
Twist: Julgamento é PÚBLICO. Alta Corte está dividida:
- Lâminas da Pira (Seris) exigem condenação
- Ossários Pactuados (Hadros) defendem ressurreição como “ferramenta divina”
- Cronistas do Véu (Eldrin) neutros — registrarão veredito sem julgar
- Vozes em Julgamento (Thalric) conflitados — tecnicamente crime, mas heróis salvaram reino
Veredito depende de debate público. PCs podem argumentar, apresentar testemunhas, apelar para moralidade vs lei.
Stakes:
- Se condenados, PCs perdem tudo — mas podem continuar aventurando como “mortos-vivos sociais”
- Se absolvidos, estabelecem precedente que ressurreição é legal (Lâminas da Pira podem se separar da ordem)
- Se fugirem, tornam-se fugitivos — ordem inteira os perseguirá
Uso na Mesa: Julgamento roleplay-heavy. PCs devem argumentar filosoficamente. Seris é antagonista honesta (não vilã — genuinamente acredita que ressurreição é errada). Jogadores decidem: vale a pena trair princípios para salvar vidas?
11.7. Os Mortos Que Votam
Setup: Cidade está elegendo novo prefeito. Dois candidatos:
- Candidato A: progressista, promete reformas
- Candidato B: conservador, apoiado por Vozes da Última Porta
Vozes anunciam: “Espíritos dos ancestrais votarão.” Usando Speak with Dead, Cronistas do Véu consultarão espíritos de cidadãos mortos. Votos dos mortos contam igual aos dos vivos.
PCs são contratados (por Candidato A) para investigar: isso é justo? Legal? Manipulável?
Twist: Eleição é armadilha. Candidato B pagou Vozes para falsificar votos dos mortos (subornando Cronistas corruptos). Mas alguns Cronistas (liderados por Eldrin) são honestos — estão investigando internamente.
Se PCs expuserem fraude, destroem credibilidade das Vozes. Se ocultarem, eleição injusta acontece. Se matarem Cronistas corruptos, iniciam guerra civil dentro da ordem.
Stakes:
- Se PCs expuserem fraude, Vozes perdem poder político (mas Eldrin agradece — ordem se purifica)
- Se PCs ocultarem, Candidato B vence injustamente (mas Vozes mantêm influência)
- Se PCs convencerem Vozes a CANCELAR votação dos mortos, estabelecem precedente: “mortos não governam vivos”
Uso na Mesa: Investigação política + dilema sobre democracia. Mortos DEVEM ter voz? Ou só vivos decidem futuro? Filosoficamente rico. Pode conectar com Ordem dos Tocados (profecia vs livre-arbítrio).
12. Usando as Vozes da Última Porta na Mesa
Como Patronos:
- Contratam aventureiros para investigar necromancia, recuperar corpos, proteger necrópoles ou esclarecer mortes suspeitas
- Pagam bem (100-1.000 PO por missão), mas exigem relatórios detalhados
- Podem oferecer ressurreição gratuita (se PCs provarem que merecem)
Como Obstáculo:
- Podem declarar aliado dos PCs “morto em espírito”, cortando direitos
- Proíbem certas magias de ressurreição (se Lâminas da Pira influenciarem Alta Corte)
- Julgam PCs por crimes (uso de necromancia, profanação de cemitérios)
Como Tensão Moral:
- Colocam questões incômodas: quem merece viver, morrer, ser lembrado ou esquecido?
- Forçam escolhas entre lei e misericórdia, justiça e compaixão
- Personificam conflito entre “ordem” e “humanidade”
Como Background:
- Ideais para personagens: juízes, coveiros, inquisidores, clérigos da morte/justiça, fantasmas vinculados à ordem
- Clérigos de Maal/Mormekar têm vantagens sociais (testamentos aceitos automaticamente, acesso a necrópoles)
Quando Usar: Sempre que campanha tocar em execuções, necromancia, heranças, desaparecimentos misteriosos ou legados de guerra, as Vozes da Última Porta são o eco grave no fundo da cena — lembrando que, cedo ou tarde, todo mundo cruza a Última Porta.
13. Aventura Completa: “O Julgamento do Rei Fantasma” (Nível 5-7)
Premissa: Rei Aldric IV de Merrane morreu há 1 semana. Funeral foi realizado pelas Vozes da Última Porta. Mas no 7º dia após morte, Rei retornou como FANTASMA — alegando que “não terminou reinado”.
Fantasma-Rei exige continuar governando. Reino está dividido:
- Realistas: apoiam Rei-Fantasma (lealdade)
- Sucessoristas: apoiam Príncipe herdeiro (ordem natural)
- Vozes da Última Porta: declaram que “mortos não governam vivos” (precedente de 319 EdL)
PCs são contratados por Vozes (ou por Príncipe, ou por Rei-Fantasma) para resolver crise.
Ato 1: Investigação
- PCs investigam morte do Rei — foi natural? Assassinato?
- Descobrem: Rei foi envenenado por Príncipe (que quer trono)
- Mas Rei também era tirano (planejava guerra genocida contra reino vizinho)
Ato 2: Dilema
- Se PCs expuserem Príncipe, Rei-Fantasma retoma trono (e inicia guerra)
- Se PCs ocultarem crime, Príncipe governa (mas é assassino)
- Se PCs destruírem Rei-Fantasma, cometem regicídio (tecnicamente)
Ato 3: Julgamento
- Vozes realizam julgamento público
- PCs devem argumentar: Rei-Fantasma deve governar? Príncipe deve ser punido?
- Alta Corte decide baseado em argumentos dos PCs
Vereditos Possíveis:
- Rei-Fantasma destruído, Príncipe executado: Reino entra em crise sucessória
- Rei-Fantasma destruído, Príncipe perdoado: Príncipe governa (mas PCs sabem verdade)
- Rei-Fantasma permanece, Príncipe executado: Guerra genocida acontece
- Compromisso: Rei-Fantasma serve como conselheiro (sem poder legal), Príncipe governa
Recompensas:
- 5.000 PO + favor das Vozes (ressurreição gratuita futura)
- Ou: inimizade das Vozes (se PCs apoiarem Rei-Fantasma)
Palavras Finais:
As Vozes da Última Porta são facção de ordem, memória e inevitabilidade. Representam verdade incômoda: morte vem para todos, e como lidamos com ela define nossa humanidade.
Use-as quando quiser explorar temas de justiça vs misericórdia, lei vs compaixão, memória vs esquecimento. São aliados poderosos, mas exigentes. Inimigos implacáveis, mas justos.
E lembre-se: na mesa de jogo, quando PCs enfrentarem morte — seja de aliado, inimigo ou si mesmos — as Vozes da Última Porta estarão lá, sussurrando:
“Todo mundo cruza a Última Porta. A questão não é se, mas como — e quem lembrará de você depois.”